OS ROBÔS GIGANTES NOS TOKUSATUS

De Vitor Rabelo

Os robôs nos super sentais Desde sua criação em 1975, os Super Sentais foram sofrendo diversas mudanças, acrescentando novos elementos às suas séries. Uma das, ou talvez a mais impactante, foi a chegada, em 1979, do Battle Fever Robo. Isso mudou a dinâmica dos episódios e dos vilões, trazendo duas dimensões de combate: tamanho normal e gigante. A maioria das séries se mantinha em um tamanho único, seja normal, como os Kamen Riders, ou apenas gigante, como a família Ultra. Battle Fever J determinou um estrutura de episódios que segue até hoje, sendo a última real mudança no Protocolo Super Sentai. Inclusive, no passado, esse era um fator classificativo das séries, com a nomenclatura Super Sentai sendo utilizada apenas para séries com mechas, deixando Goranger e JAKQ como apenas Sentai. Felizmente, isso foi deixado de lado. Houve uma progressão da forma como esses robôs são apresentados. Até hoje, o único robô que não se transforma nem se monta de forma alguma foi o original, Battle Fever Robo. Já a série seguinte criou um novo conceito, o do mecha Henkei, ou que se transforma. Isso significa que ele é originalmente um veículo e depois vira um robô. Foi o único mecha principal com essa forma, mas ocasionalmente temos secundários que seguem essa fórmula, como DekaBike Robo, GoZyuJin e Plezuon, mais recentemente. Outra tradição que começou já com um enorme impacto, foi a aparição de um segundo mecha, sendo que a primeira vez que isso aconteceu foi com a destruição do FlashKing e a aparição do Flash Titan. Por sinal, essa também foi a última vez que um mecha foi totalmente destruído no decorrer da série. No entanto, desta tradicão apareceu outra: o Gattai de dois robôs em um mega gigante. Não estou contanto aqui Titan Jr. e o Gran Titan, afinal eles não eram mechas separados. O primeiro que considero nesse caso seria Super Live Robo, de Liveman. Esse sim era a fusão de dois mechas únicos, o Live Robo (pilotado pelos iniciais da série, Red Falcon, Blue Dolphin e Yellow Lion) e Live Boxer (mecha dos dois adicionais, Green Sai e Black Bison). Isso depois virou praticamente obrigatório em todas as séries seguintes. Os robos vêm recebendo cada vez mais trabalho por parte da Toei, afinal, eles são talvez a principal frente de venda de brinquedos. Por isso mesmo, estamos vendo, cada vez mais, robôs e/ou variações de cada um deles. Todas as séries hoje contam com robôs separados para o sexto ranger e pelo menos um adicional para o grupo principal, com raríssimas exceções. Talvez o maior símbolo disso foi Hyakujuu Sentai Gaoranger, literalmente o esquadrão das 100 bestas. A Toei realmente chegou a criar imagem e descrição para cada uma das 100, sendo lançado um livro ilustrativo mostrando todos esses. Na série vimos algo como 30.
Os robôs gigantes são uma característica marcante e tradicional das séries Super Sentai (Super esquadrão em japonês) que possuem como protagonistas um grupo de geralmente 5 heróis que defendem a Terra de alguma ameaça. Aqui no Brasil a mais famosa é Changeman. Porém as duas primeiras séries do gênero, Goranger e JAQK, não possuíam robôs. Eles tinham apenas veículos. A origem dos robôs da verdade vem de outro lugar.

Aqueles que não sabem podem ficar surpresos, mas o robô gigante nas séries japonesas começou por causa da Marvel. Mais precisamente com o Homem-Aranha. Por mais que esta afirmação possa parecer absurda, há uma explicação. No final da década de 70, a Toei fez uma parceria com a Marvel para produção de séries. O resultado disto foi a série Spider-Man (Supaidaman na pronúncia japonesa), que foi ao ar entre 1978 e 1979. Embora o nome e a vestimenta fossem iguais ao do herói dos quadrinhos, a origem e os inimigos eram completamente diferentes. Nesta série, Spider-Man tinha uma nave que virava robô gigante, chamado Leopardon, que acabou sendo o primeiro robô gigante da forma como conhecemos em tokusatsus.
Em 1979, a Toei cria mais uma série baseada em produções da Marvel. Desta vez a inspiração foi Capitão América. Mas ao invés de ser somente um japonês vestindo o uniforme do personagem oriundo dos EUA, foi criado um novo sentai, com a premissa de que cada personagem representasse um país (obviamente o principal era o Japão). Junto ao conceito de robô gigante de Spider-Man, nasce Battle Fever J, a primeira série a usar o título de Super Sentai (já que os dois anteriores na época eram só chamados de Sentai, sem o Super, devido a não terem robô gigante).
Independente do tipo de série, as lutas dos robôs gigantes contra monstros gigantes são feitas com atores vestidos e em uma cidade de maquete. Como o público primário das séries é mais novo, não existe uma exploração da consequência destes embates. Ver o robô gigante cair em cima de um prédio teriam consequências grandes no mundo e provavelmente haveria baixas. Outro detalhe é que em Sentais, os heróis enfrentam os monstros corpo-a-corpo. Somente quando ele é derrotado que os vilões o tornam gigante e somente neste caso que o grupo usa o robô gigante. Este tipo de pensamento passou pela cabeça de muita gente e usando isto como um conceito básico, foi trazido ao mundo o que considero o melhor anime de todos os tempos.
Existe também outro tipo de tokusatsu chamado de Metal Hero, onde um herói veste uma armadura de metal para enfrentar o mal. As três primeiras séries, que são diretamente ligadas, chamadas Uchuu Keiji (policial do espaço) Gavan, Sharivan e Shaider. Os três possuíam naves, mas não viravam robôs gigantes, apenas algum tipo de máquina de combate. Foi na série seguinte, a quarta do gênero, que o conceito foi usado. Estamos falando de Jaspion.

O Fantástico Jaspion (no aqui no Brasil) foi uma das primeiras séries tokusatsus a chegar aqui junto com Changeman. Para quem assistiu as séries na época, talvez seja o robô gigante mais lembrado de todos. Daileon é uma nave de combate que pode virar um robô para enfrentar os monstros gigantes (Mega monstros numa tradução do original japonês). Diferentes dos sentais, os monstros aqui já são gigantes e aparecem para combate normalmente quando são invocados por Satan Goss, o grande vilão da série. Definitivamente um grande sucesso com o público brasileiro.

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