TV Colosso


TV Colosso foi um programa infantil de televisão, que substituiu o Show do Mallandro e o Xou da Xuxa, exibido em 19 de abril de 1993 até 3 de janeiro de 1997 na Rede Globo de Televisão. O programa foi criado e dirigido por Luiz Ferré, Roberto Dornelles e Boninho, que se utilizaram de bonecos caracterizados como cães, simulando todas as instâncias de uma emissora de TV; do presidente ao office-boy.
Havia a protagonista Sheepdog, Priscilla; o operador, Borges um bulldog que era o diretor de imagem e ficava na cabine de controle da programação chamando os desenhos animados que complementavam a programação da TV Colosso.
Como o programa era exibido de manhã e terminava por volta de meio-dia, na hora do almoço, um desses bonecos, vestido como chef, berrava com sotaque francês: Atention, tá na horrra de matarr a fomê, tá na mêss pessoaaaaal e era atropelado pelos outros, em louca disparada, que gritavam em dissonância "Até amanhã! Até amanhã!" terminando o programa.
O programa saiu do ar no dia 3 de janeiro de 1997, cedendo o horário aos programas Angel Mix e Caça Talentos, comandados por Angélica.
A criação do programa esteve a cargo do gaúcho Luiz Ferré e de Beto Dornelles do Grupo Criadores e Criaturas/Cem Modos, com o apoio dos redatores Valério Campos e Toninho Neves que já trabalhavam com o grupo há muito tempo. Também participaram do programa cartunistas Angeli, Laerte, Glauco, Luiz Gê, Fernando Gonsales, Newton Foot, Gilmar Rodrigues,Adão Iturrusgarai, Flávio Luiz etc. Luiz Fernando Veríssimo também tinha feito roteiros para o programa, mas nunca foi oficialmente creditado. Ferré fazia cinema e quadrinhos antes da Globo convidá-lo para criar um substituto para o Xou da Xuxa em 1992, e em troca teve a ideia de um programa estrelado por personagens-bonecos antropomórficos, cujo nome provisório era "Mundo Cão".

Ferré lembrou que a Globo lhe deu liberdade total de criação: "Uma vez aprovado o projeto, tive carta branca." O projeto do programa foi desenvolvido na conexão Porto Alegre (para onde a Globo enviou uma unidade técnica), São Paulo (onde Ferré mora e trabalha), Rio de Janeiro (onde o programa era gravado nos estúdios Tycoon, Cinédia, Maragoa, Renato Aragão (atual Casablanca Estúdios) e Herbert Richers, devido à Globo ainda não ter inaugurado o Projac que ainda estava em fase de construção na época) e Los Angeles (onde foi comprada a tecnologia necessária para a confecção de bonecos nas oficinas LFC e Inventiva em Porto Alegre). A equipe de produção contava com nada menos que 50 profissionais. Ferré ainda lembrou que o grupo que criou o programa e os personagens-bonecos foi procurado por Boninho já que este tinha colaborado com o grupo no programa Clip Clip que foi ao ar nos anos 80. O grupo também já tinha criado os bonecos para o especial Plunct Plact Zum, também da Globo, e para uma versão da ópera O Barbeiro de Sevilha gravada pela TV Manchete.
Os mecanismos que davam expressão facial aos bonecos do programa foram desenvolvidos pela Inventiva Bonecos e Cenários, e a tecnologia animatronic foi criada e desenvolvida por Daniel Segal, que visitou os estúdios de cinema de Los Angeles para pesquisar tecnologia e materiais. Os movimentos eram comandados por radiocontrole, dando aos bonecos plena liberdade dos sets. Todos os personagens-bonecos eram dublados por profissionais da dublagem, como Mário Jorge de Andrade, Mônica Rossi, Márcio Simões, Garcia Júnior e Hamilton Ricardo (já falecido) que era o responsável pelas vozes de vários personagens: Paulo Paulada, o segurança da TV Colosso; Jaca Paladium (idéia do Glauco), um cachorro que ameaçava partir para cima de quem não acreditava nele com seu machado; o vilão Vira-Lata de Aço; Câmera Ney; e Roberval, o Ladrão de Chocolates.
Alguns personagens como Priscilla, JF e Daniel eram manipulados por atores vestindo fantasias (a mesma técnica utilizada nos filmes japoneses do Godzilla). Por serem personagens de 2 metros de altura, as máscaras manipuladas por controle remoto não se encaixavam nas cabeças dos atores. Para isso, esses personagens eram manipulados por atores se revezando para suportar o peso das roupas antropomórficas, dançar e pular. Os movimentos faciais da Priscilla eram acionados por 16 servomotores. Já outros personagens usavam 24 motores para conseguir os efeitos faciais mais convincentes.
Técnicas de efeitos especiais foram utilizadas pela produção da TV Colosso, como o chroma key (recurso que permite que a imagem captada por uma câmera possa ser inserida sobre outra, criando-se a impressão de primeiro plano e fundo). Assim, podiam aparecer na tela personagens que voam, que mergulham no fundo do mar, ou que têm apenas suas cabeças. Foi também utilizado o newsmate (técnica que possibilita a colocação de uma imagem recortada sobre outra), que permite a fusão dos bonecos com o cenário imaginário. Não podiam ficar de fora recursos de animação que produziam a animação dos raios do Bullborg, e as aberturas dos quadros do programa. Para o longa-metragem baseado no programa, foram confeccionados três versões do Gilmar: animatronics, dublê para cenas perigosas e fantoche para as cenas principais. De dois em dois meses, os bonecos eram postos numa banheira quente e lavados com xampu e condicionador.
O humor do programa, às vezes, não era tão infantil, pois havia frequentes referências ao "universo adulto" em meio aos bonecos, brincadeiras e piadas. Segundo o codiretor do programa Mário Meirelles, o programa utilizava uma linguagem cinematográfica e sutilezas criativas das sitcoms norte-americanas, o que facilitou o apelo do programa e dos personagens ao público adulto e adolescente. Havia, por exemplo, o apresentador do jornal Walter Gate, numa referência ao caso Watergate. No jornal havia ainda uma cadelinha do tempo, o diretor da TV chamado JF e o Capachildo Capachão seu assistente puxa-saco, além das pulgas que ficavam sabotando a programação dentro dos circuitos eletrônicos. Ferré criou a protagonista Priscilla, tendo como inspiração suas 3 amigas produtoras: o nome foi retirado de uma delas, o modo de caminhar da outra e os chiliques da última.
Alguns dos programas apresentados pela TV Colosso eram paródias dos programas da Rede Globo e de outras emissoras e foram o noticiário "Jornal Colossal", sátira do Jornal Nacional; o "Clip-cão", paródia do Clip Clip, com o apresentador Thunderdog, um sósia canino do então VJ da MTV Thunderbird; a novela mexicana "Pedigree", "Os Vegetais não Mentem", "A Princesa Pirata" e outras cópias caninas das novelas da TV Globo; o seriado "As Aventuras do Super-Cão", remetendo ao seriado norte-americano As Aventuras do Superman exibido na época pela própria Globo; as "Olimpíadas de Cachorro", versão canina do Globo Esporte e Esporte Espetacular; e os programas do cachorro contador de histórias Jaca Paladium, também conhecido como Murilo de Petrópolis: o "Acredite Se Puder" e "Selvagem Mundo Animal" com os maiores absurdos da história satirizando respectivamente os programas "Acredite se quiser", famoso nos anos 80, "Mundo Animal" e as revistas eletrônicas da própria Globo como Globo Repórter e Fantástico. Até o Você Decide foi vítima de paródias caninas como "Você Escolhe". Para completar, "Priscila Superstar", "Capashow" e "Com a Pulga Atrás da Orelha" remetiam aos programas de auditório e variedades da Globo como Domingão do Faustão, TV Mulher e os programas da Xuxa.
Dubladores Brasileiros
Mônica Rossi .... Priscilla e Telespectadora do Acredite Se Puder

Garcia Jr. .... JF e Apresentador de videoclipes
Guilherme Briggs .... JF
Mauro Ramos .... Capachão e Borges
Mário Jorge .... Gilmar e Malabi
Hamilton Ricardo .... Paulo Paulada, Jaca Paladium e Câmera Ney
Luís Thunderbird .... Thunderdog
Sheila Dorfman .... Pulga 1 (Mega-Trio)
Márcio Simões .... Pulga 2 (Mega-Trio)
Ísis Kosckdoschi .... Pulga 3 (Mega-Trio)
Marco Antônio .... Telespectador do Acredite Se Puder 
Marco Ribeiro .... Telespectador do Acredite Se Puder
Manipuladores
Airton Aranha,  Ana Andreata ,Astrid Toledo, Cacá Sena, Érica Tucherman, Fernanda, Silveira, Guilherme Pires, José Carnevale, Luciano Quirino, Luiz Pacini, Marcelo Bukoff, Marcos Lima, Paul Ferrer, Paulo Adriane, Pi Heins, Quiá Rodrigues, Renato Spinelli, Roberto Dornelles, Rodrigo Scarpa, Zé Clayton.
Notas:
O sucesso foi tão grande que em 1995 foi produzido um filme chamado Super Colosso, baseado no programa infantil, na qual a história narra uma gincana do "Dia do Cachorro", a turma da TV Colosso e seus amigos humanos tentam recuperar a "Estátua do Cão Pensador", roubada de um museu pela Família Furtado. Os ladrões ameaçam todos com a arma secreta Katchonga. Rendeu também um disco e uma série em quadrinhos.
Fonte:
Cinemateca
Infan TV
TV Colosso


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