Como era as festa de Aniversário Antigamente?

O melhor da festa de aniversário de antigamente era a movimentação que acontecia na casa nos dias – ou meses – que antecediam a data festiva. Lembro com muita clareza do corre e corre da minha mãe, irmãs, tias e vizinhas planejando, fazendo reuniões, trocando receitas e bandejas (ninguém tinha bandeja suficiente para suportar uma festinha), em uma união perfeita de comadres.
Uma vez decidido o tema do bolo, as surpresinhas, os docinhos, salgadinhos e bebidas, todas partiam para elaboração da festa. Das movimentações observadas na casa, a mais afetiva e encantadora era a elaboração das comidas. O aroma do bolo assando, pastéis fritando, docinhos sendo enroladas por várias mãos, mãos de carinho e de educação severa, que transitava entre a maciez dos afetos e a dureza dos castigos.
Todas as festas tinham, praticamente, o mesmo cardápio: carne maluca, tubaína, balinhas de coco, brigadeiro etc.

Mas todo pobre é uma desgraça, pois nas festas de aniversário que fazia, os presentes que davam eram meia e cueca, e quando davam, e a avó da gente vinha e falava Toma netinho um real para você comprar o seu presente, e tinha que ficar feliz. Mas também o que rolava nas festa era a bagunça, a farra, que quando cantava os parabéns, era quase nove horas da noite, pois se cantasse antes, o pessoal iria embora e acabou festa.
Nos dias de hoje, as festas de aniversários são planejadas via internet, em sites de compras coletivas, em buffets frios e de plásticos, sem aroma de bolo, sem mãos carinhosas para enrolar docinhos e sem a movimentação afetiva das casas. Contratamos tudo, chegamos com nossas crianças na hora da festa, sorrimos, ficamos felizes por algumas horas, e horas depois nos esquecemos de tudo, ou quase tudo, pois as maquininhas digitais irão armazenar as 500 ou mais fotos, que serão esquecidas nos nossos PCs. Nas festas de aniversários de hoje não impregnamos nossa memória com o principal ingrediente fixador das lembranças eternas: o envolvimento de quem amamos como testemunha do nosso afeto no ato caseiro do preparo, no ato afetivo da cozinha.

Fonte:
Panelinha

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