O Que Aconteceu com a Cristiane F.?

“Ainda está viva? Continua drogada?” Essas são as primeiras perguntas que vêm à cabeça quando o assunto é Christiane Vera Felscherinow, a famosa junkie alemã eternizada pela chocante biografia Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada, Prostituída.... Publicada em 1978, a obra escrita pelos jornalistas Kai Hermann e Horst Rieck a partir de depoimentos de Christiane vendeu mais de 4 milhões de exemplares pelo mundo, foi traduzida em inúmeras línguas, adaptada para o cinema e é até hoje um dos livros de não ficção mais lidos do mercado alemão.
Desde 1979, a história de uma garota alemã abusada e negligenciada pelos pais, que começou a se prostituir aos 13 anos para sustentar o vício em heroína, choca muita gente. Christiane Felscherinow era um dos adolescentes que frequentavam os arredores da estação de metrô Zoo, na parte mais decadente de Berlim. Lá, meninos e meninas procuravam clientes e consumiam drogas nos banheiros públicos.
A história de Christiane, que depois de ver amigos morrendo foi mandada para a casa da avó no interior, virou exemplo da degradação dos jovens pelas drogas e foi usada em escolas para educar adolescentes.
Nos anos 80, o livro virou um filme que contou com a colaboração direta da biografada, e interpretada pela jovem Natja Brunckhorst, Christiane se tornou mundialmente conhecida. Até David Bowie, seu ídolo na época, compareceu à pré-estreia, e Christiane fez amizade com estrelas da música como Nick Cave, além de frequentar festas com integrantes do AC/DC e Van Halen.
A biografia, que narra passo a passo o envolvimento de Christiane com as drogas pesadas quando ela tinha entre 12 e 15 anos, transformou a então menina em uma espécie de anti-heroína. Após o lançamento do filme Christiane F., em 1981, sua fama ficou ainda maior. O mesmo aconteceu com a sua conta bancária – no dia em que completou 18 anos de idade, ela teve acesso a cerca de 400 mil euros.
O que aconteceu com ela desde então – sim, ela está viva! – é narrado com a mesma crueza no recém-lançado Eu, Christiane F., a Vida Apesar de Tudo. Escrita em parceria com a jornalista alemã Sonja Vukovic, de 29 anos, a obra segue os percalços vividos por Christiane, que (respondendo à segunda pergunta que abre este texto) nunca conseguiu se livrar definitivamente de seu vício em heroína.

Hoje, Christiane tem 52 anos e vive em um apartamento em Berlim, na companhia de seu cachorro Leon, um chow-chow. Tem o fígado inflamado desde 1989, é portadora de hepatite C, sofre dores terríveis com biópsias constantes e passa dias sem levantar da cama por causa de uma fibrose. Precisa ir sete vezes por semana ao médico para receber sua dose de metadona (narcótico para tratamento de toxicodependentes) e sente-se constantemente perseguida por pessoas que, segundo ela, abrem suas correspondências e revezam-se em turnos para vigiá-la. “Nesses dias, como gostaria de nunca ter experimentado drogas, nunca ter tido a sensação maravilhosa de uma picada – pois é o preço que se paga”, diz, resignada.
Ser parada por pessoas nas ruas para dar autógrafos e tirar fotos é algo que nunca deixou de fazer parte de sua vida. “Meu Deus, eu sou e vou continuar sendo uma junkie-star. Um animal de feira. Um bicho raro, da espécie ‘criança da estação do Zoo’”, reclama.
Com o segundo livro, Minha Segunda Vida, lançado em 2014, ela disse esperar que as pessoas se assustem mais com as drogas. Ela teve problemas quando Eu, Christiane F., 13 anos, drogada e prostituída foi lançado, porque muitos jovens viram glamour e romantismo naquela história.
Com o segundo livro, Minha Segunda Vida, lançado em 2014, ela disse esperar que as pessoas se assustem mais com as drogas. Ela teve problemas quando Eu, Christiane F., 13 anos, drogada e prostituída foi lançado, porque muitos jovens viram glamour e romantismo naquela história.
Fonte:
Gazeta do Povo

R7

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